Eu queria falar do que fica quando você sai.
Queria falar de física quântica e sobre a ligação atômica invisível entre as coisas, entre eu e você.
Queria falar do que liga
do que prende
do que conecta
do que rompe
Eu queria falar que, em geral, o importante é o percurso. Os pontos de partida e de chegada não. A vida não é um liga-pontos. do fluxo
da trajetória
Eu queria contar que há um tempo atrás podíamos ver o fio do telefone. Agora não.
Queria falar da energia eletromagnética
dos cabos de alta tensão
dos fios
das relações
Eu queria relacionar todos os assuntos a partir da imagem do fort-da. Do prazer que é quando você sai e eu percebo que, mesmo sem você estar, tenho na minha mão o que me liga a você.
Eu queria costurar esses assuntos usando a metáfora da aranha que tece com uma linha bem fina, bem frágil, mas extremamente eficiente. Eu queria que essa metáfora fosse o modelo perfeito para explicar como eu me conecto às coisas, como os outros se conectam à você.
Queria uma teoria única que explicasse ao mesmo tempo a comunicação entre as árvores, a interferência da lua na minha menstruação, o ciclo de vida dos seres vivos, como a gravidade atua no espaço tempo, porque a tristeza interfere nas moléculas de água, a atração que o buraco negro provoca em tudo ao seu redor, porque as coisas acumuladas na minha casa interferem na minha vida profissional, a possibilidade de vida em outros planetas, a vibração dos cristais da chapada.
A teoria das cordas.